sábado, 25 de abril de 2009

ANÁLISE CRÍTICA DOS FILMES:
Cidade de Deus e Central do Brasil
(Por Cláudio Leyria)
Muito já se falou de dois ícones do cinema brasileiro, "Cidade de Deus" e "Central do Brasil", mas sempre há um aspecto novo a ser explorado que contribui para uma análise crítica dos filmes. Em "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, a realidade é apresentada de maneira cruel. O tráfico de drogas é mostrado como uma ameaça permanente. Não há no filme nenhuma menção de que o poder do tráfico (e a violência inerente à atividade) pode ser reduzido, ou pelo menos controlado. Esta mesma situação caótica, acrescida ainda de corrupção policial, resulta no surgimento de anti-heróis. Ou seja, não há personagens 100% íntegros, pois eles destoariam do universo proposto pelo filme (e pelo livro de Paulo Lins). E temos então Tião Galinha utilizando seus méritos de atirador treinado em uma academia para defender seus interesses contra a gangue de Zé Pequeno. Aliás, sem querer manter uma pose conservadorista, um palavrão integra a frase mais famosa do filme -- nada mais adequado para um bandido (no caso o "herói" Zé Pequeno). Ainda que a justiça prevaleça no final (quesito imprescindível para um filme ser bem sucedido, pois os valores universais clamam por justiça), o espectador já torceu pelos personagens observados por Buscapé (o representante do público no filme). A grande sacada da produção foi se valer do fato do Brasil não ter muitos heróis e ter uma galeria famosa de bandidos que a mídia tratou de trabalhar suas imagens. Neste time estão incluídos o próprio Tião Galinha, Lúcio Flávio, Pixote, Fernando da gata, Escadinha e, para citar um ainda em ação, Fernandinho Beira-Mar (fácil é prever o traficante se tornando um personagem de cinema no futuro).
OTIMISMO - Em "Central do Brasil", de Walter salles Jr., o tradicional estilo panfletário do cinema brasileiro continua, mas com uma grande dosagem de otimismo. A miséria e problemas sociais do país estão impressos na tela, porém, os personagens trabalham de modo a ter noção de que a vida pode ser melhor.
Esta convicção apresentada por Salles Jr. contribui para que a justiça muito apreciada pelo público esteja presente. O cineasta é mais um profissional que sabe que não se trata de insistir em finais felizes somente por questões comerciais, mas sim porque desde os primórdios da civilização a humanidade clama por isso. A jornada de Dora e Josué até o Nordeste, em busca do pai que o menino nunca conheceu mostra que em uma agravada situação de miséria, analfabetismo, falta de melhores oportunidades há a possibilidade de se virar o jogo. O filme poderia sugerir por exemplo, se antes de morrer a mãe de Josué resolvesse voltar para casa, ia encontrar uma família que estava prosperando em seus negócios e talvez não precisasse mergulhar no caos urbano de uma metrópole implacável. É na associação involuntária feita com Dora que o pequeno Josué descobre seu lugar ao sol e apto a repensar seu futuro, com esperança. Este prêmio de Josué é também o prêmio de Dora, que teve a chance de se redimir de intenções de lucro pessoal.

Aos Poetas Clássicos
Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.
~~~~~~~~~~
Eu nasci aqui no mato,
Vivi sempre a trabaiá,
Neste meu pobre recato,
Eu não pude estudá.
No verdô de minha idade,
Só tive a felicidade
De dá um pequeno insaio
In dois livro do iscritô,
O famoso professô Filisberto de Carvaio.
~~~~~~~~~~~~~~
No premêro livro havia
Belas figuras na capa,
E no começo se lia:
A pá — O dedo do Papa,
Papa, pia, dedo, dado,
Pua, o pote de melado,
Dá-me o dado, a fera é má
E tantas coisa bonita,
Qui o meu coração parpita
Quando eu pego a rescordá.
~~~~~~~~~~~~~~~
Foi os livro de valô
Mais maió que vi no mundo,
Apenas daquele autô
Li o premêro e o segundo;
Mas, porém, esta leitura,
Me tirô da treva escura,
Mostrando o caminho certo,
Bastante me protegeu;
Eu juro que Jesus deu Sarvação a Filisberto.
~~~~~~~~~~~~~~~~
Depois que os dois livro eu li,
Fiquei me sintindo bem,
E ôtras coisinha aprendi
Sem tê lição de ninguém.
Na minha pobre linguage,
A minha lira servage
Canto o que minha arma sente
E o meu coração incerra,
As coisa de minha terra
E a vida de minha gente.
~~~~~~~~~~~~~~
Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia,
Tarvez este meu livrinho
Não vá recebê carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.
~~~~~~~~~~~~~~
Cheio de rima e sintindo
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume;
A poesia sem rima,
Bastante me disanima
E alegria não me dá;
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá.
~~~~~~~~~~~~~~
Se um dotô me perguntá
Se o verso sem rima presta,
Calado eu não vou ficá,
A minha resposta é esta:
— Sem a rima, a poesia
Perde arguma simpatia
E uma parte do primô;
Não merece munta parma,
É como o corpo sem arma
E o coração sem amô.
~~~~~~~~~~~~
Meu caro amigo poeta, ~
Qui faz poesia branca,
Não me chame de pateta
Por esta opinião franca.
Nasci entre a natureza,
Sempre adorando as beleza
Das obra do Criadô,
Uvindo o vento na serva
E vendo no campo a reva
Pintadinha de fulô.
~~~~~~~~~~~~
Sou um caboco rocêro,
Sem letra e sem istrução;
O meu verso tem o chêro
Da poêra do sertão;
Vivo nesta solidade
Bem destante da cidade
Onde a ciença guverna.
Tudo meu é naturá,
Não sou capaz de gostá
Da poesia moderna.
~~~~~~~~~~~~~~
Dêste jeito Deus me quis
E assim eu me sinto bem;
Me considero feliz
Sem nunca invejá quem tem
Profundo conhecimento.
Ou ligêro como o vento
Ou divagá como a lêsma,
Tudo sofre a mesma prova,
Vai batê na fria cova;
Esta vida é sempre a mesma.

sexta-feira, 24 de abril de 2009





Literatura de Cordel
A literatura de cordel nordestina é uma manifestação da cultura popular tradicional, também chamada de folheto ou romance. Nascida no interior do nordeste, espalhou-se por todo o país, pelo processo migratório do sertanejo-nordestino. De
conteúdo muito diverso, essa literatura oral que abrange inúmeras modalidades, comemorou cem anos de no Brasil. O folheto é a forma tradicional de impressão. As capas, geralmente são feitas em xilogravura. Não devemos confundir esta manifestação brasileira com aquela que era feita em Portugal que tinha este nome por ser penduranda em barbantes... veja aqui os "erros" mais comuns que circulam sobre cordel e repente

Poesia Repentista
É feita pelo cantador repentista que utiliza-se da
viola nordestina, faz a chamada cantoria "pé- de- parede". O repentismo de viola agrega inúmeras modalidades. É a forma de improviso que mais se difundiu pelo país, também pelo processo migratório. O repentismo também é difundido em festivais. Cuidado para não confundir o repente de viola com a embolada ou o Rap... veja aqui os "erros" mais comuns que circulam sobre cordel e repente


Recebem o nome de Literatura de Cordel as obras que são produzidas pelo povo. Essas obras não produzem nível artístico, mas sim muita difusão popular da arte folclórica.
Nessa manifestação o povo canta os costumes, as crenças ou personagens (reais e imaginárias).
No Nordeste, os exemplares têm a tiragem mínima de 500 mil cópias e são vendidos nas feiras populares. Recebe o nome de cordel, por serem expostas à venda pendurados emfios de barbante.
Os temas são geralmente populares como a história do Padre Cicero, Lampião, Pedro Malasartes, Surubim, etc.
São Cipriano escreveu dois livros, na literatura de Cordel, sendo que um ensinava magia negra e feitiçarias e outro relatava os diversos tipos de amor.
Um dos temas mais lidos no Brasil, é a história de Carlos Magno e dos Doze Pares de França, um herói da Idade Média, famoso por sua coragem.
Na minha pobre linguage
A minha lira servage
Canto que a minha arma sente
E o meu coração incerra,
As coisa de minha terra
E a vida da minha gente’
(Aos poetas clássicos).

CENTENÁRIO DE PATATIVA DO ASSARÉ
Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar onde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. 'Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão', declamava. Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de 'patativas' porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade. Filho de pequenos proprietários rurais, Patativa, nascido Antônio Gonçalves da Silva em Assaré, a 490 quilômetros de Fortaleza, inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem cantar em verso e prosa os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Talvez por isso, Patativa ainda influencie a arte feita hoje. O grupo pernambucano da nova geração 'Cordel do Fogo Encantado' bebe na fonte do poeta para compor suas letras. Luiz Gonzaga gravou muitas músicas dele, entre elas a que lançou Patativa comercialmente, 'A triste partida'. Há até quem compare as rimas e maneira de descrever as diferenças sociais do Brasil com as músicas do rapper carioca Gabriel Pensador. No teatro, sua vida foi tema da peça infantil 'Patativa do Assaré - o cearense do século', de Gilmar de Carvalho, e seu poema 'Meu querido jumento', do espetáculo de mesmo nome de Amir Haddad. Sobre sua vida, a obra mais recente é 'Poeta do Povo - Vida e obra de Patativa do Assaré' (Ed. CPC-Umes/2000), assinada pelo jornalista e pesquisador Assis Angelo, que reúne, além de obras inéditas, um ensaio fotográfico e um CD. Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos 4 anos. No livro 'Cante lá que eu canto cá', o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para 'ser poeta de vera é preciso ter sofrimento'. Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, 'já disse tudo que tinha de dizer'. Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.
Desiderata
Siga tranqüilamente, entre a inquietude e a pressa, lembrando-se que há sempre paz no silêncio. Tanto quanto possível, sem humilhar-se viva em harmonia com todos os que o cercam. Fale a sua verdade mansa e claramente, e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, eles também tem sua própria história. Evite as pessoas agressivas e transtornadas, elas afligem o nosso espírito. Se você se comparar com os outros, você se tornará presunçoso e magoado, pois haverá sempre alguém inferior e alguém superior a você. Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui; e mesmo que você não possa perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino. Viva intensamente o que já pode realizar, mantenha-se interessado em seu trabalho, ainda que humilde, ele é o que de real existe ao longo de todo o tempo. Seja cauteloso nos negócios, porque o mundo está cheio de astúcia, mas não caia na descrença, a virtude existirá sempre. Muita gente luta por altos ideais, em toda parte a vida está cheia de heroísmo. Seja você mesmo, principalmente não simule afeição nem seja descrente do amor, porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto ele é tão perene quanto a relva. Aceite com carinho o conselho dos mais velhos, mas também seja compreensivo aos impulsos inovadores da juventude, alimente a força do espírito que o protegerá no infortúnio inesperado; mas não se desespere com perigos imaginários, muitos temores nascem do cansaço e da solidão. E a despeito de uma disciplina rigorosa seja gentil consigo mesmo. Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui; e mesmo que você não possa perceber a terra e o universo, vão cumprindo o seu destino. Portanto esteja em paz com Deus, como quer que você o conceba e quaisquer que sejam os seus trabalhos e aspirações, da fatigante jornada pela vida, mantenha-se em paz com sua própria alma. Acima da falsidade, do desencanto e agruras, o mundo ainda é bonito. Seja prudente.
FAÇA TUDO PARA SER FELIZ

domingo, 12 de abril de 2009

O significado da Páscoa...
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. A origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, nada melhor do que coelhos, para simbolizar a fertilidade!

Vamos ver agora como surgiu o chocolate...
Quem sabe o que é "Theobroma"? Pois este é o nome dado pelos gregos ao "alimento dos deuses", o chocolate. "Theobroma cacao" é o nome científico dessa gostosura chamada chocolate. Quem o batizou assim foi o botânico sueco Linneu, em 1753.
Mas foi com os Maias e os Astecas que essa história toda começou. O chocolate era considerado sagrado por essas duas civilizações, tal qual o ouro.Na Europa chegou por volta do século XVI, tornando rapidamente popular aquela mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha. Vale lembrar que o chocolate foi consumido, em grande parte de sua história, apenas como uma bebida.
Em meados do século XVI, acreditava-se que, além de possuir poderes afrodisíacos, o chocolate dava poder e vigor aos que o bebiam. Por isso, era reservado apenas aos governantes e soldados.
Aliás, além de afrodisíaco, o chocolate já foi considerado um pecado, remédio, ora sagrado, ora alimento profano. Os astecas chegaram a usá-lo como moeda, tal o valor que o alimento possuía.
Chega o século XX, e os bombons e os ovos de Páscoa são criados, como mais uma forma de estabelecer de vez o consumo do chocolate no mundo inteiro. É tradicionalmente um presente recheado de significados. E não é só gostoso, como altamente nutritivo, um rico complemento e repositor de energia. Não é aconselhável, porém, consumí-lo isoladamente. Mas é um rico complemento e repositor de energia.

E o coelho?
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?
No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem. Geram grandes ninhadas!

Mas por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todo ano?
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária - conhecida como a "lua eclesiástica").
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa "móvel".
De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.

sábado, 11 de abril de 2009

A vida é uma dádiva, um dom que Deus nos dá, e tem vidas que nos são dadas na hora exata, no momento exato. Victor Hugo chegou nessa hora exata, nesse momento exato, pois perdia um "BEM" preciosíssimo, insubstituível, e ele veio para alegrar meu coração embora despedaçado de saudades, mas feliz em tê-lo no nosso meio. DENISE.














DESPEDIDA DA MINHA QUERIDA MÃE
Gostaria nesse momento de prestar minha última homenagem, essa homenagem é a você mamãe, que tão bem soube honrar esse título de mãe, quão difícil é expressar esse sentimento. Mamãe eu, Costa, Danúbia te perdemos há 52 dias, desde a sua entrada na UTI da Casa de Saúde São Lucas, na cidade do Natal a qual expressamos nosso agradecimento pela assistência e acolhimento que tivemos durante esses dias. Te perdemos desde então mamãe porque você deixou de nos falar o que sentia, de expressar com seu olhar o seu amor que era incondicional por nós três, que tão bem soube pesar e medir numa balança que não existia diferença os pesos não pendiam eles eram iguais. Mas é isso mamãe foi papai e agora vai você amanhã poderá ir um de nós três. Quero fazer neste momento um agradecimento a Eugênio e Almerindinha nossos sustentáculos durante esses sete meses de permanência em Natal, Eugênio só você e Almerindinha nos transmitiam segurança, de que ela ainda ia superar tudo, não imaginávamos que era pelo amor que vocês tinham por ela e a gratidão que vocês estavam devolvendo para com ela, quanta segurança vocês dois transmitiam para ela tudo que se passava ela pedia que falasse com Eugênio ou Almerindinha, obrigada amados primos. Aos sobrinhos e sobrinhas de mamãe que vem sofrendo conosco todo esse tempo, a tia Rita nossa única tia de dez que constituía essa família. E para finalizar gostaria de expressar um agradecimento a nossa cunhada Selma, que tão bem definia mamãe, não era uma nora era uma filha, Selma dedicou-se de corpo e alma venceu as mais terríveis batalhas, na justiça, na amizade, no conhecimento que tem dentro de Natal, perdeu apenas para o câncer, porque com ele só Deus na sua magnitude poderá um dia vencer, foi você Selma o sustentáculo desse nosso irmão que está em pedaços morto de saudades, pedindo coragem e força para terminar essa batalha que se encerra dentre alguns minutos. Obrigada a você Anacleto que me acompanhou durante todo esse tempo me dando forças e acreditando que ainda teria mamãe por muito tempo, a você Joseane filha adotiva da nossa mãe como assim ela caracterizava, você compartilhou momentos de alegria e tristeza dessa casa junto da nossa mãe, porque a você ela confiava o maior dos tesouros a confiança de escutá-la e de sofrer com ela nos momentos de dor; obrigada povo de Marcelino Vieira que incansavelmente nos perguntavam todos os dias como estava a nossa mãe. Adeus mamãe ficaremos aqui, eu, Costa e Danúbia perpetuando o seu amor e seguindo os seus exemplos e parta com duas certezas nós continuaremos a sua batalha cuidando de tia Zefa até os seus últimos dias, como assim se preocupava e a outra certeza é que eu, Costa e Danúbia não nos separaremos por maiores que sejam as tribulações que a vida ainda irá nos proporcionar. Adeus nossa querida e amada mamãe.
ANIVERSÁRIO DE COSTA - 2009
Costa, há 46 anos, nascia você o primeiro filho do casal Antonio Costa e Antonia Lopes Costa, motivo de orgulho e muita modéstia porque era um homenzinho pequeno, sua infância foi um balcão, tirando na ponta dos pés as cervejas estupidamente geladas, que eram a marca registrada do Bar Central, foste testemunha de muitas coisas dentre elas; o jogo de porrinha, as brigas de papai com Zulmar, Sebastião da Cosern, Chiquinho de Odete, as brigas nas sinucas de Marcos de Bebé, foste o garçom de noites inteiras da festa de Santo Antonio, porque papai, era o dono, mas também fazia parte das bebedeiras dos seus clientes, tornando as noites cada vez mais longas e mais cansativas, mas mesmo assim sempre foi o nosso herói, o nosso rei, o nosso orgulho e o “pacificador da paz da nossa família”, como assim você denomina nos dias de hoje. Para papai e mamãe sempre foi ANTONIO, para suas irmãs COSTA e para os demais COSTINHA, tantas denominações para uma pessoa tão simples, que até hoje nunca usufruiu da modéstia, do orgulho e da vaidade que o curso que escolheu lhe dá o direito, não largou suas origens, suas sandálias havaianas tão perseguidas por papai e mamãe, que diziam “Ah meu Deus esse homem nem uma sandália boa compra”, e você com sua singularidade sempre dava um sorriso como resposta, ultimamente o que sempre incomodava mamãe era a sua pasta da faculdade, ela disse esse ano no natal de 2008, não vou comprar nada para Antonio, porque quero dar um presente bom pra ele no dia do aniversário, uma pasta de doutor, e chamou nós para que no seu aniversário dividíssemos com ela esse presente, porque para ela o preço estava alto para dar sozinha, mas para nós três ficava leve, dissemos que ficasse tranqüila que no seu aniversário a gente realizava esse desejo dela, e aqui estamos entregando esse presente que ela tanto desejava lhe entregar e dizer que a sua bolsa tava boa de encostar porque não era pasta de doutor, nome tão bonito e que ela cultivou até hoje, use-a e lembre sempre que você é muito importante para todos nós. Há três anos perdemos o nosso pai, o nosso dono como achava que era, nunca pensávamos que sentiríamos tanto a sua falta pelo seu jeito estranho de nos amar, mas ficamos órfãos daquele homem que apesar das falhas e defeitos que tinha soube nos orientar e dar a educação que precisávamos para respeitá-lo e tê-lo como pai, mas é isso a vida é assim mesmo, ficou nossa mãe, nosso alicerce de educação, respeito e amor, nossa testa de ferro, nossa guerreira que até aqui nada o havia derrubado nem afastado-a de nós por muito tempo, trinta dias sem sua voz, sem sua presença junto da gente, isso está nos matando por dentro, estamos angustiados, buscamos a todo preço um aperto de mão, um sinal que nos dê alento e segurança de que está sentindo a nossa presença, como dói né Costa, ai vem os questionamentos meus e Danúbia, quantas interrogações lhe fazemos, quantas vezes perguntamos se ainda tem fé em vê-la boa, é assim mesmo, não se canse agora só temos você, vamos unir nossas forças, nosso amor, vamos pedir a Deus que ele faça o melhor pra nós e para ela, ele sabe do nosso desejo, nós ainda precisamos muito dela. E que neste dia tão feliz pra você, Deus te cubra de bênçãos e muita paz, para que possa caminhar forte e determinado nas batalhas que a vida ainda irá nos proporcionar. Parabéns e muitas felicidades. Um abraço: Denise/ Denisinha e Danúbia.

sexta-feira, 10 de abril de 2009







Menotti Del Picchia
Biografia: Paulo Menotti del Picchia nasceu em São Paulo, em 1892. Fez seus estudos secundários em Pouso Alegre, Minhas Gerais, onde aos 13 anos de idade, editou o jornalzinho "Mandu", nele inserindo suas primeiras produções literárias. Viveu em Itapira, cidade do interior paulista, e aí editou "Juca Mulato", sua obra de maior repercussão, que já teve dezenas de edições. É autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial. Fez pintura e escultura. Foi deputado estadual e federal. É tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos. Pertence às Academias Paulistas e Brasileira de Letras.
Menotti del Picchia teve destacada atuação no movimento modernista. Preparou, com Oswald de Andrade, o advento da nova tendência literária e artística, sustentando a polêmica com os passadistas, antes e depois da Semana de Arte Moderna. Em seguida, foi aguerrido defensor da doutrinação "Verde e Amarelo", opondo-se ao Oswald de Andrade de "Pau Brasil" e "Antropofagia". Defendeu também os ideais do "Grupo da Anta", que superavam os propósitos verdeamarelistas. Participou da Semana de Arte Moderna, sendo mesmo o seu orador oficial, apresentando, na festividade, os poetas e prosadores que exibiam, então, as produções da literatura nova. Suas crônicas no "Correio Paulistano", de 1920 até 1930, como que constituem um "diário do modernismo", registando, quase que quotidianamente, os entusiasmos, as raivas, as lutas e as desavenças da sua geração.
Noite
As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem. Todos os rumores são postos em surdina, todas as luzes se apagam.
Há um grande aparato de câmara funerária na paisagem do mundo.
Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.
Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.
No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.
Oswald de Andrade
José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo em 1890. Presenciar a virada do século, aos 10 anos, foi marcante, como relembra o poeta já adulto: "Havíamos dobrado a esquina de um século. Entrávamos em 1900... " . São Paulo despertava para a industrialização e a tecnologia. Abria-se um novo mundo urbano, que Oswald logo assimilaria fascinado: o bonde elétrico, o rádio, o cinema, a propaganda com sua linguagem-síntese...

Oswald tinha 22 anos quando fez a primeira de várias viagens à Europa (1912), onde entrou em contato com os movimentos de vanguarda. Mas só depois de dez anos empregaria as técnicas desses movimentos. De qualquer forma, divulgou o Futurismo e o Cubismo. O terceiro casamento, com Tarsila do Amaral, em 1926, forjou o casal responsável pelo lançamento da Antropofagia. Mário os chamava de "Tarsiwald"... Com Tarsila voltou à Europa algumas vezes. A crise de 29 abalou as finanças do escritor. Vem a separação de Tarsila e uma nova relação: Patrícia Galvão (Pagu), escritora comunista. Oswald passou a participar de reuniões operárias e ingressou no Partido Comunista. Casou-se mais uma vez, depois de separado de Pagu, até que, já com 54 anos, conheceu Maria Antonieta d'Alkmin. Permaneceram juntos até a morte do poeta, em 1954.
Mário de Andrade

::. Oswald de Andrade (1890-1954)

Grupo dos Cinco (Arte Moderna Brasileira)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Grupo dos Cinco da Arte Moderna Brasileira foi composto por Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. O Grupo defendia as ideias da Semana de Arte Moderna e toma a frente do movimento modernista no Brasil.
Ode ao burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema!Ao burguês-tiburi!
Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!"
— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
— Um colar... — Conto e quinhentos!!!
Más nós morremos de fome!
"Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

ANITA MALFATTI
A Boba, pintura a mais radical de quantas fez e que não foi expoxta em 1917 (sequer na mostra de 22, em que Anita é, ainda a grande estrela da pintura), dá uma medida de sua grandeza, assim como Homem Amarelo, A estudante, O farol etc.
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 – São Paulo, 6 de novembro de 1964), pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. O início de sua instrução artistísca e cultural foi iniciada por sua mãe, a americana Betty Malfatti, professora de pintura e línguas. Por causa de uma atrofia no braço e na mão direita, Anita transformou-se em canhota, utilizando a mão esquerda para pintar.
Passou a ser conhecida após uma de suas exposições (organizada por Di Cavalcanti), quando o escritor Monteiro Lobato fez uma crítica destrutiva da artista que quase acabou com sua fabulosa carreira. Após essa época, alterou sua temática, produzindo, naturezas-mortas, retratos, paisagens e cenas populares.
No fim da década de 10, em São Paulo, estudou pintura no ateliê do artista plástico Pedro Alexandrino, onde conheceu Tarsila do Amaral. Lecionou desenho na Escola Americana, na Universidade Mackenzie, na Associação Cívica Feminina e em seu próprio ateliê (este frequentado por inúmeros artistas).
Fundou com Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Pichia o Grupo dos Cinco, em 1922, e participou da Semana de Arte Moderna. Anos mais tarde, integrou na Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), na Família Artística Paulista (FAP) e participou do Salão Revolucionário.
Após a morte de sua mãe, Anita se afastou do meio artístico por algum tempo, no entanto, quando regressou oficialmente em uma exposição individual de 1955, a artista apresentou suas obras produzidas nesse período de reclusão. Seu novo tema, era exclusivamente a arte popular brasileira, opção esta, considerada por ela e por diversos profissionais sua melhor e mais pura fase.
*FOTO: Anita Malfatti e seu Tempo. Centro Cultural Banco do Brasil (pág. 23); Rio de Janeiro, 1996.






Tarsila do Amaral considerada uma das mais importantes autoras da pintura da arte brasileira.
Tarsila, com sua obra, revolucionou a arte no Brasil. Ela iniciou seus estudos em São Paulo com Pedro Alexandrino, mestre acadêmico. Em Paris, no início dos anos vinte, estudou na Academia Julian e com Emile Renard, já aparecendo como artista de vanguarda. Dessa primeira fase de sua pintura temos como exemplo "A Samaritana", 1911; "Pátio do Colégio", 1921 e "Chapéu Azul", 1922.
Passou por uma fase impressionista, mas quando retornou ao Brasil em 1922, entrou em contato com o grupo modernista e começou a mudar sua pintura. Em 1923, de volta a Paris, entrou em contato com o cubismo (escola de pintura onde predominam figuras geométricas). Pintou "A Negra" e empolgou Fernand Léger, seu professor na época. Iniciou a pintura intitulada pau-brasil"" , onde a artista usou o cubismo como técnica, mas inovou colocando em suas telas temas e cores bem brasileiros. Tarsila criou o conceito de brasilidade, pois foi o "primeiro pintor" a usar as cores caipiras e a utilizar-se de temas do cotidiano do Brasil, lembrando-se muito de sua infância e adolescência vividas nas fazendas de seu pai. Dessa fase podem ser lembrados os quadros "Auto-retrato" ou "Manteau Rouge", 1923; "E.F.C.B.", 1924; "Carnaval em Madureira", 1924; "A Cuca", 1924; "Auto-Retrato", 1924; "O Pescador", 1925; "Religião Brasileira", 1927 e "Manacá", 1927.
Posteriormente, quando pintou o "Abaporu", em 1928, querendo causar impacto em seu marido Oswald de Andrade, Tarsila iniciou o Movimento Antropofágico no Brasil. Este movimento, liderado por Oswald, propunha a "deglutição" da cultura européia, tranformando-a em algo bem brasileiro, e a figura do "Abaporu" idealizava o processo da deglutição. Esta fase da pintura de Tarsila intitulada Antropofágica é a mais importante de sua carreira. Temos como exemplo dessa fase os quadros: "Abaporu", 1928; "O Lago", 1928; "O Ovo" ou "Urutu", 1928; "A Lua",1928; "Cartão Postal", 1929 e "Antropofagia", 1929.
Em 1933, depois de visitar a ex-URSS, pintou o quadro "Operários". Assim, mais uma vez precursora, Tarsila iniciou a pintura com temas sociais no Brasil. Nessa fase pintou também "Segunda Classe". Nos anos cinquenta a artista retomou as paisagens e as cores brasileiras que tanto a caracterizaram e voltou à pintura pau-brasil, agora intitulada neo pau-brasil. Tarsila fez duas grandes exposições em Paris nos anos vinte (1926 e 1929), com grande sucesso. Expôs no Brasil individualmente pela primeira vez em 1929. Até seu falecimento, participou de diversas exposições no Brasil e em vários lugares do mundo. Inovou sempre e contribuiu para mudar o rumo das artes do Brasil, junto com o grupo modernista brasileiro, mas mesmo dentro do grupo, sempre foi precursora, sendo assim considerada um dos artistas de maior importância na arte brasileira.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Hans Christian Andersen era filho de um sapateiro e sua família morava num único quarto. Apesar das dificuldades, ele aprendeu a ler desde muito cedo e adorava ouvir histórias.A infância pobre deu a Andersen a chance de conhecer os contrastes de sua sociedade, o que influenciou bastante as histórias infantis e adultas que viria a escrever. Em 1816, seu pai morreu e ele, com apenas 11 anos, precisou abandonar a escola, mas já demonstrava aptidão para o teatro e a literatura.Aos 14 anos, Andersen foi para Copenhague, onde conheceu o diretor do Teatro Real, Jonas Collin. Andersen trabalhou como ator e bailarino, além de escrever algumas peças. Em 1828, entrou na Universidade de Copenhague e já publicava diversos livros, mas só alcançou o reconhecimento internacional em 1835, quando lançou o romance "O Improvisador".Apesar de ter escrito romances adultos, livros de poesia e relatos de viagens, foram os contos infantis que tornaram Hans Christian Andersen famoso. Até então, eram raros livros voltados especificamente para crianças.Em suas histórias Andersen buscava sempre passar padrões de comportamento que deveriam ser adotados pela sociedade, mostrando inclusive os confrontos entre poderosos e desprotegidos, fortes e fracos. Ele buscava demonstrar que todos os homens deveriam ter direitos iguais.Entre 1835 e 1842, Andersen lançou seis volumes de "Contos" para crianças. E continuou escrevendo contos infantis até 1872, chegando à marca de 156 histórias. No final de 1872, ficou muito doente e permaneceu com a saúde abalada até 4 de agosto de 1875, quando faleceu, em Copenhague.Graças à sua contribuição para a literatura para a infância e adolescência, a data de seu nascimento, 2 de abril, é hoje o Dia Internacional do Livro Infanto-Juvenil. Além disso, o mais importante prêmio internacional do gênero leva seu nome.
Contos de Hans Christian Andersen
O Patinho Feio
Estava muito agradável no campo. O ar rescendia a Verão; o milho estava amarelo; a aveia estava pronta a ser ceifada; as medas de feno nos prados pareciam pequenas colinas de erva e a cegonha passeava por cima delas com as suas longas pernas vermelhas. A toda a volta dos campos havia bosques e florestas com fundos lagos de água fresca. Sim, estava mesmo muito agradável no campo. E, brilhando ao sol, podia ver-se uma velha mansão rodeada por um fosso. Grandes folhas de azedas cresciam nas paredes até à água; algumas eram tão grandes que uma criança podia ficar de pé debaixo delas. À sombra podia-se até pensar que se estava numa florestazinha secreta e primitiva.
Era aí que uma pata chocava os seus ovos no ninho. Porém, já estava a ficar bastante farta, porque os patinhos nunca mais apareciam; quanto a visitas, quase não as tinha; os outros patos preferiam nadar no fosso a ir ter com ela debaixo das grandes folhas para conversar.
Por fim, os ovos começaram a estalar, um a seguir ao outro.
— Pip, pip!
O ninho ficou cheio de avezinhas que deitavam as cabeças fora das cascas.
— Quac, quac! — disse a mãe. — Depressa, depressa! E as criaturinhas saíram o mais depressa que puderam e olharam à sua volta, no abrigo de folhas verdes; e a mãe deixou-as olhar à vontade, porque o verde faz bem aos olhos.
— Como o mundo é grande! — disseram os pequenos.
É claro que agora tinham muito mais espaço do que dentro dos ovos.
— Pensam que o mundo é só isto, seus patetas? — perguntou a mãe. — Ora! O mundo estende-se muito para além do outro lado do jardim, mesmo até ao campo do vigário. Embora, verdade seja dita, eu nunca tenha lá estado. Já cá estão todos, não estão? — Levantou-se do ninho. — Não, tu ainda não. Ainda falta o ovo maior. Quanto tempo demorará ainda? Estou mesmo farta disto, se querem saber.
E lá tornou a deitar-se.
— Bem, que tal vão as coisas? — perguntou uma velha pata que veio visitá-la.
— Este ovo está a demorar um tempo horrível — disse a mãe pata. — Não há meio de estalar! Mas olhe para os outros! São os patinhos mais bonitos que já vi, tal e qual o pai, aquela peste, que nunca vem visitar-me!
— Deixe lá ver o ovo — disse a velha pata. — Ah! Acredite no que lhe digo, isso é um ovo de peru. Uma vez aconteceu-me a mesma coisa e nem calcula o trabalho que tive com os miúdos! Como eram perus, tinham medo da água, e não consegui metê-los lá. Deixe ver. É, é um ovo de peru. Deixe-o ficar e vá ensinar os outros a nadar.
— Bem, vou aguentar um pouco mais — respondeu a pata. — Já aqui estou há tanto tempo que mais vale acabar o trabalho.
— Está bem, faça como quiser — respondeu a velha pata, e foi-se embora.
Por fim, o grande ovo estalou.
—Pip, pip! — disse o jovem, saindo cá para fora.
Mas que grande e que feio que ele era! A mãe olhou para ele.
— Que grande patinho! — pensou. — Será mesmo um peru? Bem, já vamos ver; há-de ir para a água, nem que eu tenha de o empurrar.
No dia seguinte, o tempo estava lindo, e a mãe pata saiu com todos os filhos e desceu até ao fosso, onde mergulhou.
— Quac, quac! — chamou ela.
E, um atrás do outro, os patinhos saltaram para a água. Ficaram com as cabeças debaixo de água, mas vieram logo à tona, e em breve nadavam afanosamente. As suas patinhas mexiam-se naturalmente, e lá estavam todos — até o feio cinzento nadava com os outros.
— Não, isto não é um peru! — exclamou a mãe. — Que bem que ele usa as patas e que direito que nada. É meu filho, isso não há dúvida. Realmente, é bem bonito, se virmos bem. Quac, quac! Venham comigo, meninos; venham conhecer o mundo e as outras aves da quinta; mas fiquem perto de mim, para ninguém os pisar. E cuidado com o gato!
E lá foram para o pátio da quinta. Aí havia um barulho horrível e grande agitação, porque duas famílias discutiam por causa da cabeça de uma enguia — e afinal quem a apanhou foi o gato.
— O mundo é assim — disse a mãe pata.
Ficou com água no bico, porque também ela teria gostado de apanhar a cabeça da enguia.
— Vá, usem as pernas; despachem-se e façam uma vénia à velha pata que está ali! E a pessoa mais importante da quinta; os antepassados dela vieram da Espanha e, como vêem, tem um pedacinho de pano vermelho atado a uma pata. Isso é uma coisa muito especial: significa que ninguém a pode matar e que tanto os homens como os animais têm de a tratar com respeito. Venham! Não metam os pés para dentro! Um patinho bem educado anda com os pés bem afastados, como o pai e a mãe. Vá! Façam uma vénia e digam: «Quac!».
Os patinhos fizeram o que ela lhes disse, mas os outros patos do pátio olharam para eles e disseram em voz alta:
— Lá vamos ter de aturar estes, como se já não fôssemos bastantes! E, meu Deus!, que patinho tão esquisito aquele! Não o queremos com certeza por aqui.
E um pato esvoaçou em direcção ao patinho cinzento e deu-lhe uma bicada no pescoço.
— Deixa-o em paz — disse a mãe. — Ele não está a incomodar ninguém.
— Pois não, mas é muito grande e tem um ar esquisito — respondeu o pato que o tinha bicado. —Tem de ser metido na ordem.
— Bela família — comentou a velha pata com o paninho vermelho à volta da perna. — Os patinhos são todos bonitos, excepto aquele, não pode ser. Se ao menos a mãe pudesse tornar a fazê-lo!
— Isso é impossível, Vossa Senhoria — disse a mãe pata. — É verdade que não é bonito, mas tem bom feitio e nada tão bem como os outros. Atrevo-me até a dizer que, quando for crescido, é capaz de vir a ser mais bonito e talvez, com o tempo, um pouco mais pequeno. Ficou tempo de mais dentro do ovo e foi isso que lhe estragou o aspecto. — Ajeitou-lhe a penugem do pescoço e alisou-lhe uma penita ou outra. — Além disso — acrescentou —, é um pato, por isso não tem muita importância se é bonito ou feio. É saudável, tenho a certeza, e há-de vingar neste mundo.
— Seja como for, os outros patinhos são encantadores — retorquiu a velha pata. — Bom, estejam à vontade, e se encontrarem uma cabeça de enguia podem trazer-ma.
Isto foi o primeiro dia; depois, a sina do patinho cinzento piorou. Que infeliz se sentia por ser tão feio! Era perseguido por todos. Os patos tentavam dar-lhe bicadas; as galinhas também; e a rapariga que dava de comer aos animais empurrava-o com o pé. Até os irmãos e as irmãs estavam contra ele e diziam:
— Feio! Era bem feito que o gato te apanhasse!
A mãe também dizia em voz baixa:
— Quem me dera que estivesses longe...
E então ele foi-se embora. Primeiro, voou por cima da sebe — e os passarinhos nos arbustos voaram alarmados.
«É por eu ser tão feio», pensou o patinho, fechando os olhos.
Mas continuou o seu caminho. Por fim, chegou aos charcos onde vivem os patos bravos e ficou lá deitado toda a noite, porque estava muito cansado e triste.
De manhã, os patos bravos apareceram e observaram o seu novo companheiro.
— Que espécie de criatura és tu? — perguntaram.
O patinho virou-se para cada um e cumprimentou-os o mais amavelmente que pôde.
— És mesmo feio, lá isso és! — disse um pato bravo. — Mas isso pouco importa, desde que não cases com nenhuma das nossas filhas.
Pobrezinho do patinho. A ideia de casar nem sequer lhe tinha vindo à cabeça. Tudo o que queria era deitar-se e descansar nos juncos e beber um pouco da água do charco.
Ali ficou durante dois dias, até que apareceram dois gansos selvagens — dois jovens machos. Também tinham nascido há pouco, mas eram muito vivos e descarados.
— Olá, amigo — disseram. — És tão feio que gostamos de ti. Que tal vires connosco quando voarmos para mais longe? Num charco perto daqui há umas lindas gansas, belas raparigas, com um «quac!» que vale a pena ouvir. Com o teu aspecto esquisito pode ser que tenhas sorte com elas.
Nesse momento ouviu-se «bang!, bang!» e ambos os alegres gansos caíram mortos nos juncos. A água ficou vermelha de sangue. Outra vez «bang!, bang!» — e um bando de gansos selvagens levantou voo dos juncos. Era uma grande caçada. Os desportistas estavam a toda a volta do charco; alguns estavam mesmo empoleirados nas árvores. Fumo azul subia como nuvens dentro e fora dos ramos escuros e ficava a pairar sobre a água. Os cães faziam tchac!, tchac!, pela lama, esmagando os juncos. O pobre patinho estava aterrorizado; quando tentava precisamente esconder a cabeça debaixo da asa um cão enorme e assustador parou em frente dele com a língua de fora e os olhos a brilharem de uma maneira horrível. Encostou o focinho ao patinho, arreganhou os dentes aguçados e depois — tchac!, foi-se embora sem lhe tocar.
— Oh, graças a Deus! — suspirou o patinho. — Sou tão feio que até o cão pensa duas vezes antes de me morder. E ficou muito quieto enquanto ouvia os tiros, um após outro, guincharem e troarem pelos juncos. O dia já ia longo quando o barulho parou; mas a pobre criatura nem então se atreveu a mexer-se. Por fim, levantou a cabeça, espreitou cautelosamente em redor e apressou-se a fugir do charco tão depressa quanto pôde. Correu por campos e prados, mas o vento soprava tão forte contra ele que era difícil avançar.
Perto da noite, chegou a um casinhoto miserável; estava em tal estado que nem sabia para que lado havia de cair, de modo que continuava de pé. O vento soprava com tanta força que o patinho teve de se sentar para não ser levado por ele, mas o vento parecia ficar cada vez mais forte. Então notou que a porta já não tinha uma dobradiça e estava pendurada de tal modo que ele conseguia esgueirar-se lá para dentro, e foi isso mesmo que fez.
No casinhoto vivia uma velhota com um gato e uma galinha. O gato, a quem ela chamava Filhinho, sabia arquear as costas e fazer ronrom; também fazia faíscas, mas só quando lhe faziam festas ao contrário. A galinha tinha umas pernitas curtas e por isso chamava-se Pinta-Pernas-Curtas. Punha muitos ovos, e a velhota gostava dela como se fosse sua filha.
Quando amanheceu, repararam logo no estranho pequeno visitante. O gato começou a fazer ronrom, e a galinha a cacarejar.
— O que é que aconteceu? — perguntou a velhota, olhando a toda a volta.
Mas já não via muito bem, de modo que tomou o pequeno recém-chegado por uma pata adulta.
— Ora isto é que é sorte! — exclamou ela. — Agora vou ter ovos de pata... desde que não seja um pato. Bem, veremos...
E o patinho ficou à experiência durante três semanas, mas não apareceram ovos.
O gato era o senhor da casa, e a galinha a senhora. Passavam a vida a dizer «Nós e o mundo...», porque pensavam que eram metade do mundo e, claro, a metade melhor. O patinho achava que podia haver outras opiniões sobre o assunto, mas a galinha não queria ouvir falar nisso.
— Sabes pôr ovos? — perguntou. — Não? Então, faz o favor de guardar as tuas opiniões para ti próprio!
O gato perguntou:
— Sabes arquear as costas e fazer ronrom ou soltar faíscas? Não? Então o melhor que tens a fazer é ficares calado quando as pessoas sensatas estão a falar.
De maneira que o patinho se sentava a um canto e aborrecia-se. Vinham-lhe à ideia pensamentos sobre o ar livre e o sol, e depois uma saudade extraordinária de flutuar na água. Por fim, não pôde deixar de falar nisso à galinha.
— Que ideia tão disparatada! — exclamou ela. — O teu mal é não teres nada que fazer; por isso é que tens essas fantasias. Põe mas é uns ovos ou tenta fazer ronrom que isso passa-te.
— Mas é tão delicioso flutuar na água — disse o patinho. — É tão bom baixar a cabeça e mergulhar até ao fundo!
— Deve ser óptimo! — disse a galinha sarcasticamente. — Não deves estar bom da cabeça! Pergunta ao gato, que é a pessoa mais inteligente que conheço, se ele gosta de flutuar na água ou de mergulhar até ao fundo. Não faças caso da minha opinião; pergunta à nossa dona, a velhota: não há ninguém mais sábio no mundo inteiro. Achas que ela quer flutuar ou meter a cabeça dentro de água?
— Não compreendes... — disse o patinho tristemente.
— Bem, se nós não te compreendemos, ninguém compreenderá. Nunca saberás tanto como o gato ou a velhota, para já não falar de mim. Não tenhas peneiras, miúdo, e agradece as coisas boas que te têm acontecido. Não encontraste um quarto quente e companheiros elegantes, com quem podes aprender muito se prestares atenção? Mas tu só dizes disparates; nem sequer és uma companhia alegre. Acredita que o que te digo é para teu bem. Vá, faz um esforço e põe uns ovos ou, pelo menos, aprende a fazer ronrom e a deitar faíscas.
— Acho que o melhor é ir por esse mundo fora — respondeu o patinho.
— Então vai — exclamou a galinha.
E o patinho lá foi. Boiou na água e mergulhou; mas parecia-lhe que os outros patos não faziam caso dele por ele ser feio.
Até que chegou o Outono: as folhas do bosque ficaram castanhas e amarelas; o vento apanhava-as e fazia-as rodopiar como loucas; até o céu parecia gelado; as nuvens pairavam, pesadas com granizo e neve, e o corvo, empoleirado numa sebe, gritava «crá, crá» por causa do frio. Só de olhar para aquilo ficava-se logo a tremer. Foi um tempo difícil também para o patinho.
Uma tarde, com o céu avermelhado pelo pôr do Sol, um bando de grandes aves maravilhosas ergueu-se dos juncos. O patinho nunca tinha visto aves tão belas. Eram de um branco brilhante, com longos pescoços graciosos — na verdade, eram cisnes. Emitindo um estranho som, abriram as esplêndidas asas e voaram para longe, para terras mais quentes e lagos que não gelavam. Voaram até bem alto e o patinho feio ficou muito excitado; andava à roda, à roda, na água, e chamou-os com uma voz tão alta e estranha que até ele próprio se assustou. Oh, nunca esqueceria aquelas aves maravilhosas, aquelas aves felizes! Assim que a última desapareceu, mergulhou mesmo até ao fundo e, quando voltou de novo à superfície, estava excitadíssimo. Não sabia como se chamavam as aves; não sabia de onde tinham vindo nem para onde voavam — mas sentia-se mais atraído por elas do que por qualquer outra coisa.
No Inverno ficou ainda mais frio. O patinho tinha de nadar às voltas na água para esta não gelar, mas cada noite a parte sem gelo se tornava mais pequena. Depois, tinha de bater com os pés a toda a hora, para quebrar a superfície; por fim, acabou por ficar estafado. Parou e depressa gelou completamente.
De manhã cedo apareceu um camponês. Vendo a ave, foi até lá, partiu o gelo com os socos de madeira e levou-a para casa, para a mulher. Pouco tempo depois, o patinho reanimou-se. As crianças queriam brincar com ele, mas ele julgava que queriam fazer-lhe mal e, assustado, voou para dentro da selha do leite. O leite salpicou a sala toda; a mulher deu um grito e deitou as mãos à cabeça; depois, o patinho voou para dentro da cuba da manteiga, depois para o barril da farinha, e depois saiu. Meu Deus, que espectáculo! A mulher, ainda aos gritos, atirou-lhe o atiçador da lareira; as crianças, rindo e guinchando, caíam umas por cima das outras, tentando apanhar o patinho. Felizmente, a porta estava aberta; lá foi ele a correr para os arbustos e para a neve recém-caída e aí ficou meio entontecido.
Mas seria demasiado triste contar-vos todas as dificuldades e infelicidades por que ele teve de passar durante aquele Inverno cruel. Um dia, estava a tentar aconchegar-se entre os juncos do charco quando o Sol começou a enviar novamente raios quentes; as cotovias cantavam; que maravilha! Tinha chegado a Primavera. O patinho ergueu as asas. Pareciam mais fortes do que antes, e levaram-no velozmente para longe; antes de perceber o que estava a acontecer, encontrou-se num lindo jardim cheio de macieiras em flor, com lilases perfumados que pendiam dos seus longos ramos mesmo até um riacho sinuoso. E então, mesmo em frente dele, saindo das sombras das folhas, apareceram três magníficos cisnes brancos, agitando as penas enquanto deslizavam pela água. O patinho reconheceu as maravilhosas aves e sentiu uma estranha tristeza.
— Vou voar até àquelas nobres aves, mesmo que me matem à bicada por me atrever a aproximar-me, feio como sou. Mas não me importo... é melhor ser morto por umas criaturas tão esplêndidas do que apanhar bicadas de patos e galinhas e pontapés da rapariga da quinta ou ter de aguentar outro Inverno como o último.
Voou para a água e nadou em direcção aos magníficos cisnes. Estes viram-no e vieram ter com ele a toda a velocidade, agitando a plumagem.
—Vá, matem-me — disse o pobre patinho curvando a cabeça mesmo até à água enquanto esperava pelo fim.
Mas o que é que viu ele reflectido em baixo? Observou-se bem — já não era uma desajeitada ave feia e cinzenta. Era igual às orgulhosas aves brancas ali ao pé: era um cisne!
Não interessa nascer num terreiro de patos quando se sai de um ovo de cisne.
Sentiu-se feliz por ter sofrido tantas dificuldades, porque agora dava valor à sua boa sorte e ao lar que finalmente tinha encontrado. Os majestosos cisnes nadaram à sua volta e acariciaram-no com admiração com os bicos. Umas criancinhas apareceram no jardim e atiraram pão para a água e a mais pequenina gritou alegremente:
— Há mais um!
E as outras disseram, encantadas:
— E verdade, apareceu mais um cisne!
Bateram palmas e dançaram de contentamento; depois foram a correr contar aos pais. Deitaram mais pão e bolo para a água e todos disseram:
— O novo é o mais bonito de todos. Olhem que belo que é, aquele novo!
E os cisnes mais velhos curvaram as cabeças diante dele.
Ele sentia-se muito envergonhado e escondeu a cabeça debaixo de uma asa; não sabia o que fazer. Estava quase feliz de mais, porque um bom coração nunca é orgulhoso nem vaidoso. Lembrava-se dos tempos em que tinha sido perseguido e desprezado, e agora ouvia toda a gente dizer que era a mais bela de todas aquelas maravilhosas aves brancas. Os lilases curvaram os ramos até à água para o saudarem; o Sol enviou o seu calor amigo, e a jovem ave, com o coração cheio de alegria, agitou as penas, ergueu o pescoço esguio e exclamou:
— Nunca pensei que alguma vez pudesse sentir tamanha felicidade quando era o patinho feio!
Hans Christian Andersen

Os Sertões

Este livro é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as características do lugar, o clima, as secas, a terra, enfim. O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos. Apresenta se caráter, seu passado e relatos de como era a vida e os costumes de Canudos, como relatados por visitantes e habitantes capturados.
Estas duas partes são essencialmente descritivas, pois na verdade "armam o palco" e "introduzem os personagens" para a verdadeira história, a Guerra de Canudos, relatada na terceira parte, A Luta. A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra.
Retratando minuciosamente movimento de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das ações e mostra casos isolados marcantes que demonstram bem o absurdo de um massacre que começou por um motivo tolo - Antônio Conselheiro reclamando um estoque de madeira não entregue - escalou para um conflito onde havia paranóia nacional pois suspeitava-se que os "monarquistas" de Canudos, liderados pelo "famigerado e bárbaro Bom Jesus Conselheiro" tinham apoio externo. No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus derradeiros defensores - um velho, dois adultos e uma criança.

Augusto dos Anjos
A máscara
Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.
I
No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
II
Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.
III
E entre a mágoa que masc’ra eterna a pouca
A humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.
A Semana Santa
Sabemos bem que durante a Semana Santa, a Igreja celebra os mistérios da reconciliação, realizados pelo Senhor Jesus nos últimos dias da sua vida, começando por sua entrada mesiânica em Jerusalém.
O tempo da Quaresma se prolonga até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é a grande introdução ao santo Tríduo Pascoal. O Tríduo Pascual tem início na Sexta-feira da Paixão, prossegue com o Sábado de Aleluia, e chega ao ápice na Vigília Pascual terminando com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.
É importante recordar que "as ferias da Semana Santa, desde a Segunda até inclusive a Quinta-feira, têm preferência sobre qualquer outra celebração" e por tanto nestes dias não se deve administrar os sacramentos do Batismo e da Confirmação.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

02 de Abril Dia Internacional do Livro Infantil
Hans Christian e um de seus principais personagens – O Patinho Feio
A literatura infantil surgiu no século XVII, no intuito de educar as crianças moralmente.
Em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, foi criado o dia internacional do livro infantil, que é comemorado na data de seu nascimento; em virtude das inúmeras histórias criadas por ele.
Dentre as mais conhecidas mundialmente estão “O Patinho Feio”, “O Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia” e “As Roupas Novas do Imperador”.
A data é conhecida e comemorada mundialmente, em mais de sessenta países, como forma de incentivar e despertar nas crianças o gosto pela leitura.
Tanto os clássicos da literatura infantil quanto os livros somente ilustrados, proporcionaram o desenvolvimento do imaginário das crianças, bem como o aspecto cognitivo, desenvolvendo seu aprendizado em várias áreas da vida.
As histórias reportam valores morais e éticos, que levam o sujeito a repensar suas atitudes do cotidiano, numa reflexão que pode modificar sua ação, tornando-a melhor enquanto pessoa.
Segundo Humberto Eco – escritor, filósofo e linguista italiano – a literatura infantil traz sentido aos fatos que acontecem na vida, envolvendo as crianças. Dessa forma, "qualquer passeio pelos mundos ficcionais tem a mesma função de um brinquedo infantil.
As crianças brincam com a boneca, cavalinho de madeira ou pipa a fim de se familiarizar com as leis físicas do universo e com os atos que realizarão um dia".
Todos os anos a Internacional Board on Books for Young People, oferece o troféu “Hans Christian”, como sendo o prêmio Nobel desse gênero, algumas escritoras brasileiras já foram homenageadas, como Lygia Bojunga, no ano de 1982, e Ana Maria Machado, em 2000.

Por Jussara de Barros

Graduada em Pedagogia

Equipe Brasil Escola
19 de abril dia do Indio
Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estimava-se que havia por aqui cerca de 6 milhões de índios.
Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68.000 e 100.000 habitantes.
Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada, atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil.
Contando os que vivem em centros urbanos, a população indígena ultrapassa os 300.000. No total, quase 12% do território nacional pertence aos índios.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas.
Atualmente existem apenas 180. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas..
Hoje em dia, o que parecia impossível está acontecendo: o número de índios no Brasil e na Amazônia está aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população indígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%.
Em melhores condições de vida, alguns índios recuperaram a sua auto-estima, reintroduziram os antigos rituais e aprenderam novas técnicas, como pescar com anzol.
Muitos já voltaram para a mata fechada, com uma grande quantidade de crianças indígenas. "O fenômeno é semelhante ao 'baby boom' do pós-guerra, em que as populações, depois da matança geral, tendem a recuperar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente", diz a antropóloga Marta Azevedo, responsável por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.
Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se encontra agora sob controle. Mas não! O maior desafio da atualidade é manter viva sua riqueza cultural.
Organização e Sobrevivência do Grupo
Os índios brasileiros sobrevivem utilizando os recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente com a ajuda de processos rudimentares. Eles caçam, plantam, pescam, coletam e produzem os instrumentos necessários a essas atividades.
A terra pertence a todos os membros do grupo e cada um tira dela seu próprio sustento.Existe uma divisão de tarefa por idade e por sexo: em geral, cabe à mulher o cuidado com a casa, as crianças e a roça; o homem é responsável pela defesa, pela caça (que pode ser individual ou coletiva) e pela colheita de alimentos na floresta.
Os mais velhos - homens e mulheres - adquirem grande respeito por parte de todos.A experiência conseguida por muitos anos de vida os transforma em símbolos de tradições da tribo. O pajé é uma espécie de curandeiro e conselheiro espiritual.
O Chefe da Tribo
Os índios vivem em aldeias e, muitas vezes, são comandados por chefes, que são chamados de cacique, tuxánas ou morubixabas.
A transmissão da chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os chefes devem conduzir a aldeia nas mudanças, na guerra, devem manter a tradição, determinar as atividades diárias e responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados.
Muitas vezes ele é assessorado por um conselho de homens que o auxiliam em suas decisões.
Alimento - Pesca
Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis.
Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. A maioria dos índios no Brasil pratica agricultura.
Cultura Indígena
O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o desaparecimento de muita coisa interessante. Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem das plantas das florestas, e três quartos foram colhidos a partir de informações de povos indígenas.
Na área da educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas como a língua grega, por sua riqueza estrutural - possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado.
Ritos e Mitos
No Brasil, muitas tribos praticam ritos de passagem, que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra. Tais ritos se ligam à gestação e ao nascimento, à iniciação na vida adulta, ao casamento, à morte e a outras fases da vida. Poucos povos acreditam na existência de um ser superior (supremo); a maior parte acredita em heróis místicos, muitas vezes em dois gêmeos, responsáveis pela criação de animais, plantas e costumes.
Arte
A arte se mistura à vida cotidiana. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide, como pode ser utilizada como enfeite.
A tinta vermelha é extraída do urucum e a azul, quase negro, do jenipapo. Para a cor branca, os índios utilizam o calcário.
Os trabalhos feitos com penas e plumas de pássaros constituem a arte plumária indígena. Alguns índios realizam trabalhos em madeira.
A pintura e o desenho indígena estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria. Os cestos são comuns em todas as tribos, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Na foto: Vaso Marajoara, proveniente do Pará.
Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança.
Fonte: www.webciencia.com